domingo, 24 de junho de 2012

Lenda d’a maldição da bruxa


Certo dia no Ladoeiro, uma mulher estava na rua a pentear a sua filha que tinha uns longos cabelos. Naquela hora, passou uma mulher que segundo as pessoas da aldeia era bruxa e passou as suas mãos pelos cabelos dizendo: “- Que lindos cabelos”.
Passado algum tempo, a rapariga começa a gritar que lhe doía a cabeça. Os cabelos começaram também a cair. Mais tarde a mãe lembra-se do que tinha sucedido e mete um caldeiro ao lume com a água a ferver onde mete a roupa da filha e pica-a com um espeto. Algum tempo depois a mulher (bruxa) aparece a chorar à porta a pedir para não lhe picarem mais.
Histórias e Superstições na Beira Baixa de José Carlos Duarte Moura foto da internet

sábado, 23 de junho de 2012

Lenda d’a casa assombrada


Havia no Ladoeiro uma casa que segundo o povo ninguém queria para lá ir a morar.
Mas um casal recém casado e não tendo mais nenhum sítio para morar decide 
habitá-la.
Segundo as pessoas todos os dias à noite quando estavam na cama o casal ouvia uma “coisa” a bater na parede. Certa noite, o homem já aborrecido com a situação e procurando descobrir a origem daquele barulho, decide bater na parede com um martelo e é então que um buraco se abre na parede e o homem sente que algo lhe deu uma estalada. A verdade é nunca se chegou a descobrir o que havia lá em casa.
Histórias e Superstições na Beira Baixa de José Carlos Duarte Moura    foto da internet

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Lenda d’o Lobisomem



Aqui como em muitos locais são um dos entes temídos, ou pelo menos respeitados, dando aso a diversas histórias a este respeito. Diz-se que os lobisomens aparecem em noites de lua cheia. Quando chega determinada hora da noite os homens transforma-se. Nas aldeias da Raia (Ladoeiro, Penha Garcia, Salvador) contaram-nos que os lobisomens se juntam para irem percorrer sete vilas acasteladas. (Neste caso os locais mais próximos que têm castelo e que são: Penha Garcia, Monsanto, Idanha a Velha, Idanha a Nova, Penamacor, Salvaterra e Bemposta) daí termos em linha de conta o número sete.
Aqui diz-se que a transformação destes seres se faria por vezes em espojeiros. Ou seja, espojavam-se no primeiro espojeiro que encontravam transformando-se em cavalos ou burros. Aqui ao contrário do que acontece noutros locais, os lobisomens não são sempre homens que se transformam em burros mas também em touros e cães. Somente depois de transformados é que todos juntos os das redondezas, iam fazer os seus trabalhos de satanás pelas sete vilas acasteladas.
A transformação para o estado normal era feita do mesmo modo espojavam-se antes do nascer do dia e só então podiam regressar a casa. Diz-se aqui, “ai daquele que não se transforma-se durante aquela determinada hora, pois ficava petrificado não se podendo transformar até ao dia seguinte”. Disseram-nos que por isso muitos homens andavam desaparecidos durante vários dias.
Histórias e Superstições na Beira Baixa de José Carlos Duarte Moura

terça-feira, 19 de junho de 2012

Lenda do cabrito


Um dia um homem que vivia numa quinta, veio ao Ladoeiro ao baile. Quando ia para casa já de noite, encontrou um cabrito pelo caminho, ficou todo contente e meteu-o às costas. O homem ia todo feliz porque tinha encontrado um cabrito para matar e comer.
Mas quando ia a chegar a casa o cabrito bate os dente e as patas e foge. Diz-se no povo que era o demónio que o homem levava às costas. 
Histórias e Superstições na Beira Baixa de José Carlos Duarte Moura


domingo, 10 de junho de 2012

Combate do Ladoeiro


22 de Agosto de 1810


Com a retirada das tropas francesas do Norte de Portugal em 1809, ficou claramente perceptível que os franceses nunca aceitariam a presença de um numeroso contingente militar britânico na Península Ibérica e que voltariam, no­vamente, a invadir Portugal. É assim que Arthur Wellesley (Duque de Wel-lington), comandante-chefe do corpo expedicionário britânico, e perante a ameaça de uma nova invasão fran­cesa ordenou a construção das Linhas de Torres, obra iniciada em Novembro de 1809 e destinada a impedir o acesso dos invasores fran­ceses a Lisboa. Ao mesmo tempo, o dispositivo militar luso-britânico era posicio­nado pelo país, o reorga­nizado Exército Português encontrava-se já há algum tempo sob o comando de William Beresford e com a maior parte das unidades enquadradas por oficiais ingleses.
No dia 24 de Julho de 181º sob o comande do Marechal Massena, O Filho Querido da Vitória, entravam de novo em Portugal pela fronteira da Beira Alta, derrotaram as tropas luso-britâncias na Batalha do Côa e iniciaram o cerco da Praça de Almeida. A Beira Baixa, que tanto sofrera com a primeira in­vasão, foi novamente palco , durante o início da terceira invasão francesa de vários confrontos com as tropas francesas, episódios pouco conhecidos, uma vez que sobre a última invasão só se menciona o cerco e queda da Praça de Almeida, a Batalha do Buçaco e das Linhas de Torres. É, pois, o objectivo deste pequeno trabalho, dar a conhecer um combate ocor­rido nas proximidades do Ladoeiro, no dia 22 de Agosto de 1810.
Ainda antes de as tropas francesas entrarem em Por­tugal, no dia 22 de Julho de 1810, o GeneralReynier, comandante do 2° Corpo do exército invasor, estabele­ceu o seu quartel-general na localidade fronteiriça de Zarza Ia Mayor. Perante a ameaça de nova entrada em Portugal, pela Beira Baixa, e avanço pela linha doTejo, Wellesley,  que se posicio­nara no Vale do Mondego (onde se esperava o principal avanço do exército invasor), transferiu do Alentejo a 2ª Divisão britânica, coman­dada pelo Tenente-General Hill, instalando-se a infan­taria na zona das Sarzedas e a cavalaria com a missão de vigilância entre o Rio Pônsul e a fronteira espanhola.
As tropas francesas do General Reynier, posiciona­das junto à fronteira tinham por objectivo assegurar o controlo desta zona e evitar qualquer reacção que pusesse em causa o avanço de Massena pelo Vale do Mondego, na direcção de Coimbra e posterior chegada a Lis­boa. Assim, os confrontos que se registaram na Beira Baixa durante esta invasão limitaram-se a pequenos, mas violentos combates, que envolveram praticamente só forças de cavalaria, que realizavam missões de recon­hecimento. O primeiro destes confrontos ocorreu no dia 24 de Julho, com o combate de Salvaterra do Extremo, em que uma pequena força de reconhecimento fran­cesa, composta por tropas de infantaria e cavalaria, foi derrotada por uma força portuguesa constituída por 208 homens dos Regimen­tos de Cavalaria 5 e 11. O segundo combate ocorreu na aldeia de Alcafozes, em que uma força de vinte e um homens do Regimento de Cavalaria n° l, derrotaram uma patrulha francesa que se encontrava na zona. No dia 3 de Agosto de 1810, um novo confronto envolveu uma força constituída por cento e dois homens do Regimento de Cavalaria n° l, sob o comando do Coronel Cris­tóvão da Costa de Athayde Teive que derrotou na Ata­laia (concelho do Fundão), com uma valente carga, uma força francesa composta por sessenta homens, deixando mortos e feridos mais de trinta soldados, pondo em fuga o resto, aprisionando depois catorze.
No dia 22 de Agosto de 1810, um esquadrão inglês do 13° Regimento de Dragões Ligeiros e um esquadrão português do Regimento de Cavalaria n° 4, sob o co­mando do Capitão William White, em missão de patrulha próximo do Ladoeiro, encon­traram uma patrulha francesa a efectuar reconhecimento à zona, composta por ses­senta cavaleiros. De imediato ,as tropas luso-britânicas se preparam para o combate, mas os franceses retiram, são perseguidos a galope durante cerca de seis milhas, até que os franceses passam uma linha de água (cujo nome é desconhecido, pois ajudaria a localizar com exactidão o local do combate), e mais à frente, colocam-se em formação para o combate. As também essa linha de água, formam com frente de três e carregam violentamente sobre o inimigo, conseguindo em pouco tempo derrotá-lo e aprisionar dois tenentes, três sargentos, seis cabos, um clarim e cinquenta soldados. Diz o Brigadeiro Fane (1) em comunicação ao Tenente-General Hilí acerca do com­bate do Ladoeiro Julgo-me feliz em poder dizer, que isto se fez sem perder um só homem da nossa parte. Seis do inimigo ficaram feri­dos. Vários cavalos ficaram feridos com golpes de sabre e todos os cavalos franceses foram capturados.
Neste combate destac­aram-se pela sua valentia, reconhecida até pelos prisio­neiros franceses, para além do Capitão White, o Major Charles Albert Vigoureux, do 38° Regimento de Infantaria inglês, que se encontrava na zona para obtenção de informações que ao avistar os franceses solicitou ao Capitão White um cavalo para par­que realizava a sua missão apeado, tendo sido ele quem aceitou a rendição do coman­dante francês. Destacou-se, também, pela sua coragem o Tenente Turner do 13° Regi­mento de Dragões Ligeiros. Quanto ao comandante do esquadrão- português, o Al­feres Pedro Raymundo de Oliveira    fizera o seu de­ver extremamente bem, e mostrara muito valor. Pela distinta conduta neste com­bate, o Alferes Oliveira foi promovido, por distinção, ao posto de Tenente, por ordem do Marechal Beresford.
Ao serem avistados os franceses o Capitão White tinha solicitado, por estafeta, ajuda ao seu regimento esta­cionado nos Escalos de Cima, mas quando esses reforços comandados pelo Capitão Macalester, chegaram já o combate tinha terminado há muito tempo e retirando-se nessa mesma tarde, para o bivaque nos Escalos de Cima.
Quanto aos prisioneiros franceses, estes foram trata­dos com grande humanidade e mais tarde transferidos para Castelo Branco e entregues ao Tenente-General Hill. Mas a confusão que se seguiu após o combate permitiu que o capitão francês, que também fora aprisionado, e alguns soldados fugissem, acabando no entanto por ser mortos. Segundo William Harre [2], os fugitivos acabaram por ser mortos pela população, concretizando desta forma aquilo que Wellesly tinha escrito numa carta ao irmão, dois dias antes por trás de cada muro de pedra, os franceses encontrarão um inimigo.
O combate do Ladoeiro aparece em muitas fontes portuguesas e inglesas, erra­damente designado como Ladoeira, Ladoira ou Ladoera. Curiosamente, aparece mais vezes errada a designação em fontes portuguesas do que inglesas, mas isso não impede que a localização seja feita correctamente, como próximo do Ladoeiro, freguesia do concelho de Idanha-a-Nova.
Os principais coman­dantes deste combate con­tinuaram durante a Guerra Peninsular a manter uma conduta distinta e, inclusi­vamente, a sofrer ferimentos em combate, nomeadamente o Capitão White em Sala­manca em 1812, e o Tenente Oliveira em Viella, em 1 8 1 4. Ambos regimentos luso-britânicos mantiveram, igual­mente em combate um com­portamento exemplar, tendo
Ligeiros participado, entre outros confrontos na Batalha de Waterloo e tendo o Regi­mento de Cavalaria n° 4, distinguindo-se em muitos outros combates e batalhas, nomeadamente no Buçaco e em Viella, conquistando arduamente a sua divisa Perguntai ao Inimigo Quem Somos, que também ajudou a ser ganha nos campos da Idanha.
Luís Manuel da Silva Guerra de Sousa

Notas
(1) O Brigadeiro Fane, era o co­mandante da cavalaria da 2ª divisão, à qual pertencia o 13° Regimento de Dragões Ligeiros e o Regimento de Cavalaria nº 4.
(2) William Warre, Major, Aju­dante de Campo de Beresford, teve conhecimento do combate através dos relatórios, pois na al­tura encontrava-se na Lageosa, onde escreveu a carta datada de 29 de Agosto de 1810, onde este combate é mencionado.
Bibliografia
- Barrett Charles Raymond Booth, History of XIII Hússars, volume l, W. Bláckwood & Sons, 1911.
- Chaby, Cláudio de, Excerptos Históricos e Collecção de Documentos Relativos à Guerra Denominada da Península" e à Anteriores, Imprensa Nacional, Lisboa, 1865.
- Gurwood, John (compilação), The Dispatches of Field Marshall The duke of Wellington During Hhis Various Campaígns, volume VDI, Londres, 1847.
- Hay, Andrew Leith, A Narrative of Ate Península War, 4* edição, John Heame, Londres, 1909.
- Simâo, José da Luz Soriano, História da Guerra Civil e do Estabe­lecimento do Governo Parlamentar, volume* IV, Imprensa 'Nacional, 1876.
- Wárre, William, Letters fiom Península 1808-1812, Edmond Warre, Londres, 1909.
Fotos da internet

sábado, 9 de junho de 2012

Lenda das três palavras para achar o que se perdeu


Dizem que esta história aconteceu numa aldeia Raiana num local designado por Lapa, situado entre as fragas rochosas num dos locais mais levados da aldeia. Já era noite passava por ali uma mulher vinda da sua labuta diária num arraial, ainda, distante. 
Como quase todas as mulheres da aldeia, trazia o terço de que se fazia sempre acompanhar. Ao passar ali por entre as fragas, deixou cair o terço; como era de noite começou a procurá-lo com alguma dificuldade. Enquanto andava a procurar o terço ouviu uma voz que lhe disse: “Enxerga, enxerga pedra.”
A mulher de imediato encontrou o terço e fugiu dali assustada a rezar contra as almas do outro mundo. Dizem que o acontecido se soube e se espalhou por aquelas terras.
A partir deste caso quando por ali se perde alguma coisa, diz-se que isso produz um efeito mágico e a pessoa encontra o que perdeu.

Histórias e Superstições na Beira Baixa de José Carlos Duarte Moura, Castelo Branco, RVJ editores, 2008 foto da internet

sábado, 2 de junho de 2012

Lenda de Qual Delas


Era uma vez um rei mouro, muito mau, que vivia num palácio. Este rei tinha duas filhas gémeas.
O rei andava muito preocupado porque não conseguia distinguir as duas filhas, Záida e Salúquia. Elas bem se esforçavam para o ajudar, mas em vão.  O rei andava a ver se arranjava uma maneira de as conseguir distinguir.  Passado alguns dias, o rei pensou ter descoberto a maneira como as iria distinguir.  Mandou-as chamar e entregou à Zaida uma roca de prata e à Salúquia uma roca de ouro. Elas sorriam e aceitaram as rocas.  Mal tinham acabado de sair, o rei ficou com a dúvida se teria entregado as rocas ás respectivas princesas.  As duas irmãs viviam felizes, até que um dia começaram a ficar tristes e aborrecidas pois tinham o mesmo tom de voz. Elas combinaram não falarem uma com a outra, a não ser em caso de absoluta necessidade.  A partir desse dia cumpriram o que tinham combinado.  Até que um dia um cavaleiro cristão passou pelo palácio.  Nesse momento as pranchinhas encontravam-se na varanda.  - Quem sois vós?   perguntou a Zaida.
- Sou um cavaleiro cristão vindo de muito longe respondeu o cavaleiro virando o seu cavalo para a varanda.  Logo as princesinhas mouras entraram para o palácio sem lhe dizer mais nada.  Logo apareceu o rei dizendo:  - Como vos atreveis a entrar nas minhas terras! Cavaleiro cristão! Sai imediatamente daqui ou corto-te a cabeça!  O cavaleiro cristão obedeceu, mas foi teimoso e voltou na noite seguinte. Trepou até à varanda sem nenhum guarda o encontrar. Logo as princesinhas ficaram cheias de medo. O cavaleiro disse-lhes:  - Não tenham medo de mim! Não vos farei mal!  As princesinhas acalmaram-se:  - Cuidado, cavaleiro! Sai daqui! O meu pai vem aí!  Mas já era tarde. As portas do quarto abriram-se e o rei mouro apareceu.  - Então vós voltastes outra vez! Agora tereis que provar o aço da minha espada gritava o rei mouro.  - Eu também tenho uma espada dizia o cavaleiro Os dois desembainharam as espadas e começaram a lutar.  Depressa quem saiu vencedor foi o cavaleiro. Então mandou os soldados cristãos arrasarem o palácio.  Os soldados não perdoaram ninguém nem mesmo as princesas. O cavaleiro quando chegou ao quarto delas disse:  - Deus, o que é que eu posso fazer! Castigai-me! A culpa é toda minha!  O cavaleiro chorando disse:  - Qual delas, qual delas!  Em todo o quarto se ouviu a mesma coisa.  Depois o cavaleiro, com a sua espada matou-se mesmo por cima delas.  É por isso que a cidade onde se passou esta lenda chama-se Caldelas.
In www.eb1-castelejo.rcts.pt

No alto





sexta-feira, 1 de junho de 2012

Na parte alta da aldeia





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