sábado, 2 de junho de 2012

Lenda de Qual Delas


Era uma vez um rei mouro, muito mau, que vivia num palácio. Este rei tinha duas filhas gémeas.
O rei andava muito preocupado porque não conseguia distinguir as duas filhas, Záida e Salúquia. Elas bem se esforçavam para o ajudar, mas em vão.  O rei andava a ver se arranjava uma maneira de as conseguir distinguir.  Passado alguns dias, o rei pensou ter descoberto a maneira como as iria distinguir.  Mandou-as chamar e entregou à Zaida uma roca de prata e à Salúquia uma roca de ouro. Elas sorriam e aceitaram as rocas.  Mal tinham acabado de sair, o rei ficou com a dúvida se teria entregado as rocas ás respectivas princesas.  As duas irmãs viviam felizes, até que um dia começaram a ficar tristes e aborrecidas pois tinham o mesmo tom de voz. Elas combinaram não falarem uma com a outra, a não ser em caso de absoluta necessidade.  A partir desse dia cumpriram o que tinham combinado.  Até que um dia um cavaleiro cristão passou pelo palácio.  Nesse momento as pranchinhas encontravam-se na varanda.  - Quem sois vós?   perguntou a Zaida.
- Sou um cavaleiro cristão vindo de muito longe respondeu o cavaleiro virando o seu cavalo para a varanda.  Logo as princesinhas mouras entraram para o palácio sem lhe dizer mais nada.  Logo apareceu o rei dizendo:  - Como vos atreveis a entrar nas minhas terras! Cavaleiro cristão! Sai imediatamente daqui ou corto-te a cabeça!  O cavaleiro cristão obedeceu, mas foi teimoso e voltou na noite seguinte. Trepou até à varanda sem nenhum guarda o encontrar. Logo as princesinhas ficaram cheias de medo. O cavaleiro disse-lhes:  - Não tenham medo de mim! Não vos farei mal!  As princesinhas acalmaram-se:  - Cuidado, cavaleiro! Sai daqui! O meu pai vem aí!  Mas já era tarde. As portas do quarto abriram-se e o rei mouro apareceu.  - Então vós voltastes outra vez! Agora tereis que provar o aço da minha espada gritava o rei mouro.  - Eu também tenho uma espada dizia o cavaleiro Os dois desembainharam as espadas e começaram a lutar.  Depressa quem saiu vencedor foi o cavaleiro. Então mandou os soldados cristãos arrasarem o palácio.  Os soldados não perdoaram ninguém nem mesmo as princesas. O cavaleiro quando chegou ao quarto delas disse:  - Deus, o que é que eu posso fazer! Castigai-me! A culpa é toda minha!  O cavaleiro chorando disse:  - Qual delas, qual delas!  Em todo o quarto se ouviu a mesma coisa.  Depois o cavaleiro, com a sua espada matou-se mesmo por cima delas.  É por isso que a cidade onde se passou esta lenda chama-se Caldelas.
In www.eb1-castelejo.rcts.pt

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